Entre as várias relíquias desenvolvidas nas eras douradas dos games de 8-bits, uma delas está uma estranha criatura amarela arredondada com uma boca tão grande quanto seu próprio corpo e uma fome insaciável capaz de devorar tudo à sua frente, incluindo seus inimigos se estiver equipado com suas pastilhas de poder. Seus inimigos que por sua vez são fantasmas, ou seja, o herói é literalmente um mochila de prótons caça fantasmas em carne em osso (se é que esse ser possui alguma dessas características...).
Estamos falando obviamente de Pac-man, ou Come-come como ficou conhecido por essas bandas.
Pac-man foi lançado em 1980 no Japão e no último semestre do mesmo ano para o mundo, se tornando uma febre popular nos fliperamas, tão conhecido que se tornou todo um ícone de uma geração de games e considerado por muitos um fenômeno social, título carregado por um bom tempo a partir de todo seu legado, e não por acaso é conhecido até hoje mesmo pelos mais jovens, décadas após sua estreia ao público.
Uma pizza cometendo canibalismo. |
O designer do personagem foi Toru Iwatani, onde ao que diz a lenda popular teria se inspirado em sua obra ao ver um pedaço de pizza faltando um pedaço. Mas isso não é bem assim, ao menos não em sua totalidade.
Tudo não passara de um jogada de marketing, Toru Iwatani queria apelar para uma audiência mais ampla, e portanto criou essa veiculação de que sua obra teria sido inspirada em um alimento tanto quanto popular no mundo civilizado afora. Contudo mais tarde o próprio confirmara que sua ideia surgira de um caractere japonês chamado de kuchi, no qual em sua tradução significa boca e possui a forma de um quadrado. Havia também a intenção de atrair jogadoras garotas, e para tanto adicionou elementos mais "meigos", no caso dos fantasmas.
Outro detalhe importante em Pac-man é que este adicionou aos games um elemento que até então nunca havia sido utilizado: os poderes, ou na língua de gringos, os power-ups. Toru Iwatani afirmou que esse detalhe havia sido inspirado em um personagem de um desenho animado norte-americano muito conhecido na época, Popeye. Sim, aquele mesmo marinheiro com cara de carrancudo, com o antebraço cinco vezes mais grosso que o bíceps, que adora um espinafre e está sempre fumando um cachimbo muito suspeito, foi referência para criação de um dos tipos de itens mais comuns em jogos de plataforma.
Houve também "polêmicas" durante a produção de Pac-man, para ser mais específico, no seu suposto nome prévio ao seu original e carismático conhecido por todos. É que o nome do jogo deveria ser "puck-man", nome derivado dos discos de hóquei, em inglês chamados de hockey puck, do qual o personagem Pac-man se assemelha também. O nome contudo foi mudado, porque afinal espertões poderiam facilmente vandalizar a letra inicial tornando em uma palavra ínfame muito popular entre americanos.
Então como é o jogo afinal?
Pac-man se passa dentro de um labirinto repleto de pequenas bolinhas que devem ser aspiradas por uma bola amarela que abre e cerra uma fenda de 90 graus a partir de seu raio (supostamente sua boca) conforme desliza pelos caminhos e desvia dos fantasmas (trajados sob lençóis tipicamente ao estilo de cartoons) ou até que ingira as bolinhas maiores (power-ups) para ganhar seus poderes assim invertendo seus papéis de caça para caçador temporariamente. Falando assim parece até muitas bolinhas caóticas em um ambiente confuso, mas é muito divertido.
O objetivo é coletar todas bolinhas para progredir de nível, onde então o labirinto tende a mudar de forma e cor, dependendo de sua versão. Também existem pequenas frutas que aparecem por eventualidade, mas sua função é nada mais do que apenas garantir pontos ao jogador, entretanto julgando que esse seja o objetivo do jogo em si, se tornam assim itens especiais a serem igualmente coletados pelo jogador para máxima eficiência em suas corridas pelas fases.
Pac-man possui um bug bem curioso. A kill screen, ou "Tela matadora", foi o nome sugerido porque ela "mata" o jogo definitivamente impedindo o jogador de prosseguir. Tal bug acontece em condição bem específica ao se atingir o nível 256 e por uma razão de limitações de seu próprio hardware e programação. Isso porque Pac-man é um jogo do qual deveria ter níveis ilimitados, contudo as frutas (referenciada anteriormente) deterioram o código ao causar um overflow dos dados, o que significa que jogam mais informação no software do que o hardware e sistema operacional é capaz de calcular.
A situação ocorre por ser de uma plataforma de 8 bits, onde o valor máximo por contagem de bit é de 256 dígitos. As frutas são calculadas em apenas um bit, devido a dita limitação de memória, sendo seu cálculo usado 1 + seu contador interno de nível (note que em sistemas de dados computacionais o primeiro número é 0, o segundo 1 e assim por diante até 255, mantenha esse raciocínio para entender o que procede). Assim quando atinge o nível 256 o jogo manda o valor numérico de 256 para memória que extrapola os 256 do limite, porque o valor numérico máximo afinal é 255. Enfim... O que ocorre é que isso causa um distúrbio no código e corrompe toda tela da direita do jogo tornando impossível passar de nível e assim causando o fim inesperado definitivo ao jogo.
Então, alguém afim de encarar até o nível 256?
Jogue mais versões AQUI
Nenhum comentário:
Postar um comentário